Discute as relações entre preconceito e deficiência. Tomo como referenciais fundamentais os estudos de T. Adorno e M. Horkheimer sobre preconceito, além das contribuições de autores como Lígia Amaral e José Leon Crochik. Para eles, o preconceito às pessoas com deficiência configura-se como um mecanismo de negação social, uma vez que suas diferenças são ressaltadas como uma falta, carência ou impossibilidade. A deficiência inscreve no próprio corpo do indivíduo seu caráter particular. O corpo deficiente é insuficiente para uma sociedade que demanda dele o uso intensivo que leva ao desgaste físico, resultado do trabalho subserviente; ou para uma construção de corporeidade que objetiva meramente o controle e a correção, em função de uma estética corporal hegemônica, com interesses econômicos. Nesse sentido, todos nós nos distanciamos cada vez mais da autonomia e da possibilidade de diferenciação, restando apenas a adaptação à situação existente, que se constitui em um esforço para aceitar a mentira necessária para a sobrevivência ou autopreservação.
This text discusses the relationship between discrimination and disability. We take as fundamental references the studies carried out by T. Adorno and M. Horkheimer on discrimination, as well as the contribution of such authors as Lígia Amaral and José Leon Crochik, for whom discrimination against disabled people is understood as a mechanism of social negation, since their differences are emphasized as an absence, need or inability. Disability carves on the very body of the individual its specific character. The disabled body is not sufficient for a society that requires its intensive use leading to physical wear which is a result of subservient work; or for the construction of a corporeity that has in view mere control and correction, in terms of a hegemonic corporal aesthetics with economic interests. In this sense, we all are more and more distant from the autonomy and from the possibility of differentiation, remaining adaptation alone to the existing situation which constitutes an attempt to accept the lie necessary for survival or self-preservation.
Se discute las relaciones entre prejuicio y deficiencia. Tomo como referencia fundamental los estudios de T. Adorno y M. Horkheimer sobre prejuicio, además de las contribuciones de autores como Ligia Amaral y José Leon Crochik. Para ellos el prejuicio a las personas con deficiencia se configura como un mecanismo de negación social, una vez que sus diferencias son destacadas como una falta, carencia o imposibilidad. La diferencia inscribe en el propio cuerpo del individuo su carácter particular. El cuerpo deficiente es insuficiente para una sociedad que demanda de él el uso intensivo, que lo lleva al desgaste físico, resultado del trabajo subsirviente; o para una construcción corporal cuyo objetivo es meramente el control y corrección, en función de una estética de supremacía del cuerpo, con intereses económicos. En este sentido, todos nosotros nos distanciamos cada vez más de la autonomía y de la posibilidad de diferenciación, restándonos apenas la adaptación a la situación existente, que se constituye en un esfuerzo para aceptar la mentira necesaria para sobrevivir o para la autoprotección.